sexta-feira, 16 de setembro de 2011

ouçam




                                        Méritos íntimos
                                        desfeitos.
                                        Semelhanças entre face e intelecto:
                                        Dramaturgia.
                                        Sorrisos extenuantes, vozes acalentam
                                        e destroem, no silêncio
                                        Uma voraz emoção
                                        Condicionada ao exílio
                                        da própria timidez.
                                        Uma pequena
                                        E grande sugestão
                                        de gloriosa plenitude.


                                       Ouçam os suspiros, senhores.
                                       Entre suspiros e reflexão
                                       está o brilhantismo
                                       de feridas abertas
                                       e corações em dores
                                       pulsantes.


                                     Calem-se e ouçam, senhores,
                                     a dor que inspira o vazio
                                     de suas próprias desilusões.




quarta-feira, 14 de setembro de 2011

ter esperança é não





A resposta para aquela única pergunta que impossibilitava minha tranqüilidade era não. E assim perdi mais horas ao tentar imaginar recursos para manter alguma dúvida perante a certeza ignorada de inexistir outras interpretações. 

Mantive o silêncio, a serenidade nos olhos; sequer permiti meu coração apressar o ritmo como forma de expor fisicamente a decepção, e então senti algo. 

Senti dentro de mim algo bom, como uma brisa fresca no rosto, como uma graça boba e inocente... Senti a aceitação. Ao redor olhei as pessoas e compreendi-as, neste momento único eu as considerei próximas a mim. Desobstrui a via entre a verdade e os meus desejos, e esses se uniram para formar um lapso de descoberta ou desilusão. 

Adianta esperar? Adianta confiar ao futuro todos os sins? Ter esperança é não encontrar a resposta premeditada. 

Ter esperança é não. 

E nos segundos finais eu já havia esquecido qual era a pergunta.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Talvez o problema...



Eu não compreendo a realidade, não compreendo.

Não entendo por que eu consegui a vida se um dia morrerei, é tão injusto e absolutamente intrínseco às decepções humanas. Mas também não consigo imaginar outra forma consciente de existir. Talvez O Problema seja existir.

O Nada. Tão mais fácil! O nada jamais enxergará a si próprio, não compreenderá a situação ao redor, e a existência e suas cobranças estarão longe, muito e sempre longe; a paz reinará. A gramática da linguagem das minhas experiências existências considera paz o antônimo de existência (melancólico, mas não intencional).

Pergunta retórica: existe algo mais revelador e traiçoeiro que a observação? A ciência confirma (a resposta é um não hesitante e influenciado).

Todas as minhas idealizações de felicidade desapontam-me logo após discerni-las por completo – nada é real superficialmente – Imagino uma perfeita satisfação (quase posso sentir o gosto). Após entristeço-me, duplamente, pela mentira e pela desejada verdade longínqua que preciso agora.

Ah! (pequeno furor) eu entendo! Eu entendo aquela felicidade ser minha e de ninguém mais, como também minhas faces tristes, românticas, et cætera. Aliás, esclarecimento indispensável, quase et cætera, pois a constante angústia diante de tudo sobre meus olhos – não que tudo seja angustiante para mim, pelo menos não quando a objetividade de meus pensamentos e ações guiam os meus dias – a minha angústia diante de tudo sobre meus olhos, que surge nos meus momentos despertos e individuais, é a única “coisa” que me faz sentir mais um Homo sapiens sapiens – inteligente (no mais primitivo sentido dessa palavra), socialmente coletivo (por uma casual obrigação) e individualmente eternamente só.

Talvez o nada fosse melhor, talvez abdicasse de todo o prazer de existir para não mais sentir a dor de ser, a dor de tentar ser. Talvez assim neutralizaria... E então, o nada: um sonho perplexo...

Amanhã acordarei pronto para outro dia, enfrentá-lo-ei de punhos cerrados e olhos sensíveis, e então passará, e então indicarei o próximo dia no calendário grudado a minha porta. Para o meu sempre seguirei constante o seguro caminho de ser, sem pensar muito, sem pensar profundamente nas tantas incógnitas obsessivas compulsivas, e sem escrever muitos textos como este em finais de domingos angustiantes.

A segurança aprisiona e agonia. A incerteza instrui e amedronta (eu).
Um dia eu desejei ser uma mitocôndria. Ela é tão distinta e elegante, e sempre generosa. A mitocôndria seria feliz? Para ela definitivamente. Mas pensando bem, até quando me imagino em outro plano de situação busco as posições de destaque. Certamente prefiro Homo Sapiens, a, por exemplo, um cílio de uma tuba uterina, mesmo sofrendo os percalços da consciência. Ah! (desapontamento) preciso aprender/observar mais. Talvez por isso eu ainda não passo o resto de meus dias na simplicidade da natureza de uma praia deserta.

Nossa! E eu às vezes prefiro o nada! Sim, eu prefiro quando penso um pouco mais.

Talvez O Problema seja o sistema nervoso.

Talvez.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Uma crise de ausência



Uma crise de ausência
Libertadora.
Um inspirar de exclusão
a observar.

A quietude contínua e devastadora.
Olhos que transcendem, malignos...
Bocas em exagero, abrem e fecham, frenéticas, mudas.
A quietude e a superficialidade,
dos mais baixos e dos mais altos.
Ninguém aqui inocentou-se da transcendência egoísta.
Hipocrisia muda, isocórica.

Reacordo.
Culpo-me.

“O Ideal não é para os ingênuos”.

Contento-me comigo mesmo.

domingo, 4 de setembro de 2011

Sou Cego Diante de Vós








Meus olhos fecham enquanto eu encaro o escuro repleto de verdades ofuscantes. 

Elas se escondem, observam-me sorrateiras, inquietas, quase em angústia muda. 
Indagam-se murmurantes o tanto de "eu" que podem construir por meio de erros. 
Por meio de meus medos. Por meio de minhas certezas inaparentes. 

Minhas pálpebras se encontram com força, mas há uma luz que as enrubesce. 
Uma luz que internaliza aquilo pelo qual eu estou cego a olhos abertos. E uma verdade tão incontestável me deixa em uma plenitude comatosa, enquanto os ruídos começam a se tornar abafados. 

Surge um entendimento maior que o próprio sentido que me fez caminhar até hoje. Ele completa tudo o que eu possuo de consciência e vai embora rápido junto ao meu sono perturbado. 

Antes de abrir meus olhos inicio a mais fatigante de minhas forças: 
Minhas pálpebras se separam para mais um dia de cegueira. 
Até novamente estar em silêncio e no escuro. 
Só, em meio a murmúrios e perplexidades.