quinta-feira, 16 de julho de 2009

sfumato inexperiente






Eu sinto como se tudo parecesse uma grande indecisão, é assim que eu me sinto; como se essa indecisão fosse tão grande e penetrante que cobrisse as mais intensas forças de compreendimento. Forças  profundamente inseridas que próprias manifestam o anseio de eu ser, talvez o significado.

É como se a satisfação não encontrasse forma de se manifestar. É como se a satisfação fosse algo que apenas confirmasse o equívoco. Eu a contemplo com a mesma discórdia que conclui meus objetivos.

A verdadeira intenção é confirmar-se inalcançável.

Sou capaz de observar-me por completo, pois estou longe... muito longe. Vejo-me opaco, borrado, um sfumato inexperiente, feito de poucas cores. Vejo uma profundidade indecisa, um receoso reflexo da minha presença.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

não sou suficiente





Lentas pálpebras cerram com ardor um pequeno e insatisfeito foco de auto discernimento.


Forço tanto enraizar-me no próprio que o mais egoísta dos sentidos faz minha cabeça doer.


Até a respiração cansa; talvez um indício, algo que me diz “você não aguenta, não tem pulmões para isso, você não é suficientemente você para encarar um óbvio tão estarrecedor”.


Não tenho um eu suficiente, não sou capaz de enfrentar a simplicidade dos erros, a intensa e medíocre experiência de sonhos imprecisos.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

fim






Nada me assusta mais que um fim, um fim apenas. O término vazio, silencioso, incapaz de oferecer ao menos uma perspectiva. Todas as minhas forças de conquista e dedicação se concentram nesse ponto não sei aonde, nesse ponto no qual finalmente lançarei um olhar para trás e um suspiro concentrado a tudo o que pela última vez vislumbrarei. 

Com um ar melancólico, ao desprezar uma certa gratidão, eu reverenciarei o fim, e o odiarei, novamente em silêncio. E com calma meu corpo retornará a um eixo de forças imaturas, ainda a passos trêmulos, porém de coragem inabalável.
Antes de abrir os olhos à frente inspiro com alívio um novo ar e o cheiro suave de todos os potenciais ao florescerem, ainda tão jovens e confusos... Junto a mim, o espólio que me trouxe e me tormenta, cautelosamente equilibrado a cada passo, permitido apenas impulsionar-me com lampejos de uma esperança aventureira, e neutralizado quando, incessante, tenta obscurecer a minha vista ou abrir meus olhos além do necessário.
Lutamos tanto por um fim e sempre encontramos novos começos.
Que seja assim!