quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Talvez o problema...



Eu não compreendo a realidade, não compreendo.

Não entendo por que eu consegui a vida se um dia morrerei, é tão injusto e absolutamente intrínseco às decepções humanas. Mas também não consigo imaginar outra forma consciente de existir. Talvez O Problema seja existir.

O Nada. Tão mais fácil! O nada jamais enxergará a si próprio, não compreenderá a situação ao redor, e a existência e suas cobranças estarão longe, muito e sempre longe; a paz reinará. A gramática da linguagem das minhas experiências existências considera paz o antônimo de existência (melancólico, mas não intencional).

Pergunta retórica: existe algo mais revelador e traiçoeiro que a observação? A ciência confirma (a resposta é um não hesitante e influenciado).

Todas as minhas idealizações de felicidade desapontam-me logo após discerni-las por completo – nada é real superficialmente – Imagino uma perfeita satisfação (quase posso sentir o gosto). Após entristeço-me, duplamente, pela mentira e pela desejada verdade longínqua que preciso agora.

Ah! (pequeno furor) eu entendo! Eu entendo aquela felicidade ser minha e de ninguém mais, como também minhas faces tristes, românticas, et cætera. Aliás, esclarecimento indispensável, quase et cætera, pois a constante angústia diante de tudo sobre meus olhos – não que tudo seja angustiante para mim, pelo menos não quando a objetividade de meus pensamentos e ações guiam os meus dias – a minha angústia diante de tudo sobre meus olhos, que surge nos meus momentos despertos e individuais, é a única “coisa” que me faz sentir mais um Homo sapiens sapiens – inteligente (no mais primitivo sentido dessa palavra), socialmente coletivo (por uma casual obrigação) e individualmente eternamente só.

Talvez o nada fosse melhor, talvez abdicasse de todo o prazer de existir para não mais sentir a dor de ser, a dor de tentar ser. Talvez assim neutralizaria... E então, o nada: um sonho perplexo...

Amanhã acordarei pronto para outro dia, enfrentá-lo-ei de punhos cerrados e olhos sensíveis, e então passará, e então indicarei o próximo dia no calendário grudado a minha porta. Para o meu sempre seguirei constante o seguro caminho de ser, sem pensar muito, sem pensar profundamente nas tantas incógnitas obsessivas compulsivas, e sem escrever muitos textos como este em finais de domingos angustiantes.

A segurança aprisiona e agonia. A incerteza instrui e amedronta (eu).
Um dia eu desejei ser uma mitocôndria. Ela é tão distinta e elegante, e sempre generosa. A mitocôndria seria feliz? Para ela definitivamente. Mas pensando bem, até quando me imagino em outro plano de situação busco as posições de destaque. Certamente prefiro Homo Sapiens, a, por exemplo, um cílio de uma tuba uterina, mesmo sofrendo os percalços da consciência. Ah! (desapontamento) preciso aprender/observar mais. Talvez por isso eu ainda não passo o resto de meus dias na simplicidade da natureza de uma praia deserta.

Nossa! E eu às vezes prefiro o nada! Sim, eu prefiro quando penso um pouco mais.

Talvez O Problema seja o sistema nervoso.

Talvez.

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