domingo, 5 de agosto de 2007

desconheço







Eu quero a vida que desconheço, quero as surpresas de uma existência imprevista e paciente, esquecer o futuro e concentrar a minha perseverança no agora.

Eu quero a simplicidade.

Eu quero a simplicidade.






...

Círculos


Por mais que o lume da revolta, quase um desespero, arda profundamente detrás de tantas faces e olhares premeditados, eu continuo aqui a roer as unhas, a pensar com medo de pensar muito, a sentir o amargor de uma constante decepção semiconsciente e devastadora.

Vivencio a cólera passiva e serena de inexistir outro caminho. Não há outro caminho, concluo num lapso, porém logo finjo esquecer. Os dias trazem mais dias, as intermináveis voltas circulares e invisíveis completam-se e recomeçam decompondo o além de mim, o pouco que ainda se confirma aparentemente, e aparentemente meu rosto continua a alimentar a ilusão incompreensível.

O que me sobra de unhas, o que me sobra de pensamentos estarão sempre a postos para me fazer sentir um pouco de minha longínqua natureza, pois mesmo que contestar seja o único sinal de uma individualidade perdida, prefiro manter abstratas esperanças a consentir com a harmonia de um mundo além de próprias escolhas.

As necessidades artificiais extinguiram os sonhos e implantaram as ambições, deixei de sonhar para poder viver. A cada dia as tentativas de entendimento duram menos, certamente logo me abandonarão por completo, e assim estabelecer-se-á mais outro homem social na intrincada rede de dependências da evolução do meio; talvez eu seja feliz, mas nunca completo.

Mais uma vida, somente mais uma vida alcançará o fim e abandonará as suas forças na estrutura desse legado de humanidade, mesmo que eu não seja esse humano, mesmo que eu seja apenas eu.

O mistério após acalora novos furores contidos, mas agora nada mais cabe no espaço de minhas confusas emoções. Talvez no futuro um pouco de mim ainda sobre para este tipo de reflexão.



Nenhum ser vivo consciente possui a paz que merece. Eu não possuo a minha sempre desejada paz de viver, eu não possuo a serenidade de pensamentos.

Eu anseio por todas as respostas.

Onde está a plenitude?

sexta-feira, 13 de abril de 2007

CONTO TRÊS de Aínas Aida




Aínas Aida (Contos de Fadas)




O Desvio de Athíra Aína


Álgida brisa partia do Grande Mar e difundia-se pelas reentrâncias da Floresta do Mundo das Fadas, a noite alcançava o clímax. O céu escuro ocultando a lua nas suas imensas sombras parecia sem vida. As joaninhas-luz iniciavam a marcha noturna lentamente e se espalhavam nas vastas copas das árvores da Grande Floresta de Tôlen Aínas.

Um pequeno roedor sentou-se num galho caído ao lado de sua toca para distrair a insônia, chamava-se Odirín, e já muitas noites inteiras passara desperto. Odirín contemplava o espetáculo luminoso nas árvores próximas hipnotizado pelo trabalho das joaninhas, mas seus sentidos permaneciam alerta, como os sensíveis ouvidos que começavam a captar passos rápidos à frente. O incomum acontecimento despertou a curiosidade do roedor, nenhum animal deslocava-se daquela maneira na mata densa. Uma certeza atrelada à descrença surgiu em seus pensamentos, uma fada? porém ele custava a admitir, fada alguma viria a um local tão ermo, mas os sentidos mais uma vez o inquietavam: enxergou um brilho longínquo penetrando grandes arbustos; sim, uma fada partia em direção ao extremo leste da Floresta.

Odirín, como todos da sua espécie, possui um especial encanto pelas Aínas, e ele não perderia a oportunidade de enxergar uma, tampouco a de presenciar a aventura daquela vinda de tão longe. Após breve reflexão logo decidiu segui-la.

O pequenino roedor tentava acompanhar o brilho veloz quando esse desapareceu. Odirín admirou-se com a velocidade e continuou avançando na mesma rota. Infelizmente não conseguiu mais perceber qualquer indício da fada, o vento estava muito forte e dificultava a audição. Ele subiu o mais alto numa árvore analisando cada canto da parte leste e avistou várias luzes próximas à grandiosa Árvore Morta. Seu coração explodiu: não apenas uma, mas cinco fadas reuniam-se na floresta. Odirín partiu em velocidade em direção às luzes, imensamente feliz já imaginava como relataria a aventura para os amigos. Quando se aproximou da Árvore Morta escalou-a, refugiou-se entre alguns galhos secos ramificados e deixou-se à mercê de seus olhos e ouvidos. Ele contou cinco Aínas. Três permaneciam inertes debaixo de uma alta Cantarola, duas discutiam, a fada de vestido violeta e a de vestido rosa, esta última acompanhava as três fadas quietas; a violeta estava sozinha, preste a chorar. Odirín aprendera eximiamente a língua das fadas, nenhum obstáculo impedia-o de entender o colóquio.

– Estás assustada? Athíra. Não entendo o teu medo. Somos colegas – disse Dêoí Aína ou Fada da Flor Matutina (a Aína rosa). – Tua grande amiga Safira não poderá acudir-te aqui, desta vez tu ouvirás nossas palavras há muito guardadas.

Nada poderia conter a recente disposição de Dêoí para manifestar seus sentimentos, Athíra muitas vezes a aborrecera, e nunca lhe permitiram qualquer palavra de reclamação.

– Tu sempre foste protegida, sempre te perdoaram as falhas, a tua incapacidade diante de tudo; os olhos condolentes das mais severas professoras te perseguem, enquanto nós, fadas aptas e dedicadas, suportamos esse tratamento especial e injusto, repressivo aos protestos. Sofremos forçadamente em oculto os prejuízos causados por ti.

Um antigo rancor e uma determinação inadiável influenciaram o tom das últimas frases de Dêoí Aína; ao final ela esperava o aplauso das companheiras, imaginava-se até contemplando-as com uma longa reverência de agradecimento, mas houve apenas palavras de apoio e de confirmação; as três fadinhas enxotadas sobre a árvore interessavam-se mais em presenciar o desenrolar do acontecimento a exprimir qualquer raiva a Athíra.

Densa lágrima surgia no canto do olho esquerdo de Athíra Aína. Numa vastidão de pensamentos ela procurava as melhores ações para se livrar o mais rápido dessa situação; vasculhava com uma imperativa porém ínfima esperança todos os pontos da escuridão em busca de Fada Safira, sua grande e única amiga.

– O que fazem aqui? Onde está Safira? Recebi-lhe um recado marcando um encontro nas proximidades da Árvore Morta, mas por que vieram? Digam-me! – Gritou Athíra. O seu tardio raciocínio criterioso já compreendera que tudo fora armado, mas ela preferia prosseguir na forjada incompreensão a ter de se explicar sobre o triste ocorrido desta manhã.

– Não entendeste ainda?! Ah! Eu sinto muito... Confiei demais em tua capacidade, como todos as nossas queridas professoras, desculpe-me. Terei de explicar então – Deôí e as outras fadas fluíam murmúrios e sorrisos irônicos, deliciavam-se com a fragilidade de Athíra, e essa percebeu. – O bilhete fora combinado por nós para induzir-te a vir a este local, e ninguém melhor para te convencer a isso senão Naí-mo Aína, a bela Fada Safira!

Por um minuto Athíra mergulhou em pensamentos.“Minhas lágrimas surgiram do susto e medo das conseqüências dessa jornada perigosa, se realmente encontrasse Naí-mo não haveria problemas, mas elas! Como explicarei a minha mãe sem a ajuda de Safira? Preciso evitar o uso de meus poderes”. “Certamente Dêoí e as outras sabem do acidente desta manhã, mas evitam comentá-lo, talvez estejam com medo, talvez esperam a minha completa desolação diante de seus protestos; devo então agir de outra forma: dar-lhas-ei minhas apologias; sim, concordarei com elas, porém não terão mais uma migalha de meu medo”. As quatro fadas esperavam o lamento, mas Athíra Aína desapontou-as: ao invés de expor a sua esperada fraqueza ela manteve ar sereno.

– Eu entendo – pronunciou Athíra, causando um silêncio demorado nas outras fadas. – Eu entendo porque não gostam de mim, percebo os olhares de censura durante as aulas. Todos ressaltam a minha grande dedicação aos estudos teóricos, porém a prática me foge ao controle e à competência, a magia me abandona, não flui em meus pensamentos como em vocês. Esse caráter o nascimento me concedeu, nada posso fazer para modificá-lo. As professoras gostam de mim por pena e clemência, sabem o meu sofrimento acerca de minha natureza falha, e procuram evitar mais agravos em meu amor-próprio. Peço perdão a vocês por ter-lhes prejudicado na escola ou ter motivado sentimentos ruins em seus corações... Perdoem-me. Espero entenderem essa triste situação, minhas intenções nunca foram más; nada mais – a voz de Athíra cresceu. – Nada mais eu posso conceder-lhes além de minhas apologias.

Flor Matutina e as outras se mantiveram quietas. Surpreenderam-se com a desenvoltura da antes frágil Athíra. A voz doce entoada de forma suplicante e sólida despertou um certo pesar nas outras fadas, apesar de negarem elas sentem a mesma comoção das professoras, espantam-se com o grande esforço de Athíra Aína em saber todas as magias e não conseguir criá-las, mas o desejo de alcançarem as maiores notas e aprovações elimina todo o enternecimento quando prejudicadas nos muitos trabalhos em grupo. Deôí Aína esperava apenas o silêncio e as lágrimas de sua rival, as falas anteriormente imaginadas para atacá-la se perderam em seu caótico raciocínio momentâneo; a terrível situação desta manhã nem mais permeava as suas razões, na verdade ela utilizaria esse argumento em último caso, pois sua gravidade exigia cautela, e havia restantes dúvidas ainda ocultas na mente de Dêoí.

A noite tornava-se ainda mais sufocante com um conglomerado de densas nuvens pairando sobre a floresta, a brisa marítima abandonou-a já há tempo e as joaninhas-luz agitavam-se a brilhar. Poucos minutos após Odirín permanecer na Árvore Morta ele resolveu aproximar-se mais da conversa das fadas subindo na Cantarola atrás do grupo; maravilhado e confundido pelas vozes e assuntos ninguém o tiraria dali até o término do encontro. O silêncio das Aínas prosseguia perturbado pelo silêncio da floresta, Athíra sentiu-se confiante com a inércia de Flor Matutina e organizava palavras para finalizar a situação e retornar a sua casa, mas uma voz inesperada por ela e por Odirín destruiu a serenidade do momento.

– Boas intenções nada valem se não concretizadas, as más, essas causam dor e aflição mesmo quando ocultas. Tu mentes, estás repleta de más intenções, e hoje me provaste: sabes concretizá-las muito bem.

Athíra estremecera, todo o seu pilar emocional a muito custo construído desabara às breves palavras de Nen-ía Aína (Fada do Alvo Encanto), até então escondida detrás da Cantarola. A súbita aparição assustou muito Odirín, temeu ser descoberto. As outras fadas aliviaram-se, esperavam a presença de Nen-ía desde o início, mas essa queria destruir a já imaginada confiança de Athíra, e o melhor momento chegara.

– O que me diz? Diga-me se não era tua intenção me afogar no lago esta manhã. A cada tentativa de nadar eu sentia a magia maligna paralisando meus membros e me afundando lentamente. Enquanto eu agonizava ouvia risos, via olhos satisfeitos me encarando, eram os teus olhos Athíra, eram os teus. O Sábio-Róseo me salvou, senão eu estaria morta, sepultada para sempre no fundo escuro do lago, graças as tuas más intenções... Depois senti medo, queria afastar-me, mas recuei meu temor e toquei-o pela raiva, pela determinação em acabar com teus assombros; muitas estórias já ouvi sobre tua magia peculiar, nunca acreditei, admito, mas agora eu enxerguei a verdade. Não tenho medo Athíra, e quero te impedir de continuar os atos maléficos.

O entusiasmo de Dêoí renasceu, seus pensamentos diagnosticavam o imediato, as conseqüências do combate estavam a muitas léguas de sua sensatez ou temor. As três espectadoras abaixo da Cantarola cresciam em satisfação e trocavam olhares de contentamento com Dêoí Aína. A fala de Alvo Encanto continuava a alimentar o martírio de Athíra, todas as estórias sobre a magia oculta e malvada, fonte do regozijo de muitas intriguistas de Tôlen Aínas, constituíam as novas razões de Nen-ía.

– NÃO! – gritou Athíra em pranto. – A verdadeira maldade está nesses absurdos forjados para me magoar. Eu não sou má, sou uma fada como qualquer uma de vocês. Possuo muitas falhas, sei disso, mas as cobranças escolares não coincidem com a minha natureza mágica, minha sorte me guia desta maneira – tais palavras empalideceram-na, grossas lágrimas saltavam enquanto soluçava enternecidamente. Mais uma vez ela tentava despertar comoção nas outras fadas para impedi-las de avançarem seus tormentos, porém foi uma ação desesperada.

– Pare! Athíra – disse Fada do Alvo Encanto. – Guarda as lamentações para um momento mais propício. Sim, questionamos tuas falhas escolares, mas se fosse apenas por isso para que viríamos a um lugar tão longe? Estamos além de qualquer visão para julgar-te, e antes te interrogar sobre o meu quase afogamento. Foste tu, admita e explica-me por que um ato tão horrível... Admita Athíra Aína, querias me matar.

– Por favor, pare...Tudo ocorreu de modo inesperado. É mentira, mentira de todas vocês. Como eu poderia tentar matar alguém? Eu sou uma fada – ela ajoelhou-se e escondeu o rosto em suas mãos. Seguiu a chorar balançado a cabeça em sinal de desacordo. – Não me atormentem mais, eu lhes peço, basta desses interrogatórios.

Flor matutina e as outras três fadas sentiam agora um certo pesar por anteriormente se contentarem com o sofrimento de Athíra, as palavras de desespero entristeceram-nas. Em geral as fadas são seres bondosos e não suportam por muito tempo o sofrimento alheio, principalmente de suas iguais, mesmo nesse caso em que tanto rancor guia os questionamentos. No entanto Alvo Encanto permanecia livre de qualquer solidariedade a Athíra Aína, sua raiva aumentava ao ver a desolação dessa fada visivelmente frágil, mas capaz de tentar assassiná-la na manhã do mesmo dia; além de má a considerava dissimulada.

– Esperava não admitires, mas pouco importa, eu sei, Sábio-Róseo comprovou, e ele nunca mente ou falha em suas investigações. Era a tua magia me afundando, teus olhos e teu júbilo de espectadores de minha morte. Agora me diga por quê? Tentaste me matar apenas por eu ter reclamado de tuas tentativas inúteis para completar o nosso trabalho em grupo? Eu queria ajudar-te, nada além disso.
Athíra levantou de seu estado desprezível e encarou Nen-ía Aína.

– Ajudar-me! ...Cínica. Tu me humilhaste, chamaste-me de incapaz, utilizaste-me como alimento de teu escárnio; evita tuas ponderações. Se me consideras má deves enxergar-te antes disso, as armas que utilizas para alimentar o teu orgulho e o desejo de sempre estar no foco das atenções elimina todos os teus fundamentos contra a maldade – a raiva de Athíra intensificou-se, ela provou seu estado de lástima ser apenas uma tentativa de permanecer fora da discussão para evitar agravá-la, por detrás mantinha uma arma pronta a investir quando as ofensas ou ironias alcançassem o limite da passividade. –Ousaste atacar a honra de minha mãe, com a qual todos os dias trocas confidências (o máximo da falsidade e da baixeza de caráter). Não, Nen-ía, eu não sou incapaz, Tu e todas as outras tendes medo de mim, medo de minhas capacidades. Não preciso dessas magias inúteis para provar nada, sou além da própria natureza mágica e ninguém poderá me alcançar, sabes disso.

Mais uma vez uma força desconhecida surgia nas palavras de Athíra Aína. Alvo encanto, agora longe de qualquer escuridão, sentiu-se violada, vasculhada até os mais íntimos pensamentos. A rival a desmascarou. Porém ela nunca largaria qualquer indício de sua aflição.

– Medo? Desconheço-o. Por ti eu tenho desprezo, raiva, vergonha. Tuas ações te revelam, Athíra, revelam a tua maldade. Por que me questionar? Inexistem motivos para isso, nossa análise reserva-se a ti. As Conselheiras entenderam o meu quase afogamento como um simples acidente, causado por mim; tiveste sorte: nenhuma outra fada testemunhou, mas o Sábio-Róseo viu, e as Conselheiras confiarão nele se eu lhe pedir para relatar a verdade. Tu serás julgada e condenada a abandonar o Mundo das Fadas para sempre, viverás exilada no outro lado da existência, junto aos homens, e sofrerás o mesmo castigo de Oena-meíth Aína. Entretanto, como somos bondosas, conceder-te-emos um veredicto seguramente mais brando.

Uma certeza consolidou-se em Athíra: Nen-ía delatar-lhe-ia sem o mínimo ressentimento. Encontrava-se agora entre o terrível castigo das conselheiras e a total condescendência às imposições de Alvo Encanto e suas cúmplices.

– Permitimos-te apenas uma opção – disse Nen-ía elevando sua autoconfiança. – Abandona a escola, desista dos estudos e afasta-te de nós (uma tarefa pouco difícil para ti, pois já te admitiste incapaz aos estudos mágicos). Não faltarão outras atividades para ocupar o teu tempo, podes até exercer o mesmo ofício de tua mãe, o Serviço de Manutenção Geral necessita de novas fadas.

Athíra sentiu como se lhe fosse aplicado o pior dos castigos, aquele nunca admitido como possível, mas vivente lá no fundo dos pensamentos aguardando a hora de surgir e atormentar.

– Abandonar os estudos? JAMAIS! Minha mãe nunca permitiria. Ela abdicou-se da escola muito cedo e vê em mim a redenção, concedeu-me o estudo como a única prioridade, prefere a morte a me ver desistir de estudar.

– Evita tornar essa situação ainda mais crítica, Athíra – entoou Alvo Encanto em cólera – Não há outra saída para ti, aceita nossos termos, conclua nossa discussão e oculta teus terríveis atos nos mais longínquos pensamentos ou... – Nen-ía Aína tomou ar ríspido. – Sobra-me como alternativa apenas a denúncia.

Athíra Aína envolveu-se em pensamentos. “Para todas seria mais prático o meu exílio, a minha condenação a refugiar-me pelo resto de meus dias longe do mundo das fadas e de minhas colegas, na verdade fim muito semelhante ao ‘bondoso veredicto’ proposto”. “Nen-ía quer humilhar-me, ver-me rebaixada e consagrar-se por isso, sempre se considerou superior a todas e capaz de qualquer sucesso, mas esse eu não concederei”.

– Estou cansada – Athíra levantou os braços e se alongou em sinal de desdém. – Chega desses falatórios inúteis – Nen-ía admirou-se e com voz insegura falou: – Que pensas? Queres ir embora? Se tudo não terminar aqui terminará antes do amanhecer no Tribunal das Conselheiras. – Nada acontecerá – disse Athíra – eu não permitirei. Há uma longa distância entre maldade e defesa própria, Caríssima Fada do Alvo Encanto, e utilizarei todos os meus peculiares atributos, como disseste anteriormente, a fim de livrar-me de qualquer tentativa que me prejudique, mesmo que precise causar “malefícios” em quem tentar.

As fadinhas abaixo da cantarola sentiram mais o frio noturno às últimas palavras de Athíra. Dêoí também se amedrontou com as ameaças, queria mesmo fugir e esquecer tudo. Fada do Alvo Encanto, porém, mergulhou em raiva, ninguém a contrariara daquela forma em todas as suas demonstrações de superioridade, seu orgulho não a deixaria partir sem vencer completamente a rival. Nen-ía intensificou os insultos, o desejo de sobressair-se, grande estimulador de todas as suas ações, cegava-a.

– O teu único atributo é a incapacidade, o mesmo da tua querida mãe – falou com destreza Nen-ía. Athíra voltou o rosto rapidamente ao seu encaro. – Ela deixou os estudos porque não conseguiu acompanhar o resto da turma, tornou-se uma reles funcionária de baixa estima, e isso a ti também o futuro reserva. Admita o fato, colega, o mal é de família; mãe incapaz, filha incapaz, eis a prova! Agora faça o que exijo, ou além de condenar-te à eterna vergonha desfaço a sorte de tua mãe. Tenho influências no mundo das fadas, sou filha da Grande Conselheira Êdolín Aína, e as minhas razões ela nunca contestará, ainda mais envolvendo a inútil da tua mãe.

Athíra Aína submergia em ódio, mas sobrava-lhe um pouco de senso para tentar evitar um ato desagradável. Nen-ía supôs medo na nova face da outra fada.

– Inútil? Minha Mãe? ...Cala-te! Fada – Athíra ponderava ao máximo suas palavras. Nen-ía absorveu a fala contida da outra como sinal de submissão, voltou a ameaçá-la: – Impeço-me de calar a verdade; tua Mãe sempre será inútil. Posso muito bem relatar às Conselheiras que meu afogamento ocorreu por incitação dela, certamente ela também concordaria, exilar-se-ia no outro mundo para salvar-te, sofreria por ti... Isto! O pior dos castigos ser-te-á vê-la sucumbir em teu nome. Mas pensemos nas vantagens: livrar-nos-emos de uma inútil e incapaz, um estorvo na glória das fadas – Dêoí junto às três outras Aínas observavam a inércia de Athíra às últimas palavras de Alvo Encanto, esta já se considerava vencedora, faltava agora pouco para ela concluir a batalha com maestria. Continuou o derradeiro discurso: – inútil e estorvo como tu, como tu Athíra, inút, inn...inu... – Nen-ía sentiu uma dor forte alastrando-se por todo o corpo, não pode mais falar.

Rapidamente todas as joaninhas-luz se apagaram. Uma sombra densa espalhava-se ao redor e impedia até o próprio brilho das fadas presentes, exceto o de Athíra; ela se iluminava no interior, seus olhos flamejavam fixos em Nen-ía. Essa soltou um grito agudo e abafado, seu corpo tremia e logo foi erguido acima do chão por um vento fortíssimo que revoltava todo o extremo leste da floresta. Dêoí e o resto precisaram agarrar-se aos galhos da Cantarola, o vento as deslocava. Odirín foi jogado ao chão, entrou em uma cavidade formada por duas raízes grossas de uma árvore vizinha, ali permaneceu.

– ATHÍRA! PARA! – Dêoí Aína desesperava-se – Deixa-nos ir, liberta Nen-ía, POR FAVOR, ATHÍRA! – O vento crescera ainda mais. As flores da Cantarola acordavam emitindo notas atemorizadas. As três Aínas antes taciturnas gritavam e suplicavam por Nen-ía; o vento arrastou-as junto com Dêoí. Elas foram arremessadas entre as copas das muitas árvores do local, uma conseguiu fugir voando acima do turbilhão, mas as outras caíram. Dêoí Aína fraturou a perna e a asa; todas desmaiaram com o impacto.

O vento cessara. Fada do Alvo Encanto permanecia acima do chão, tremia, seus dedos se contorciam enrijecidos, braços e pernas paralisados. Calmamente ela desceu sob o olhar fixo de Athíra, estendeu-se em um revolto de folhas e galhos partidos. Sua respiração findava-se, o tremor também, seu olhar encontrou o de Odirín, o qual se escondia próximo. Os olhos de Nen-ía libertaram duas lágrimas extensas e fecharam-se ainda com um último sinal de tristeza e perplexidade. Morrera. Ao mesmo instante, a muitas léguas daquele local, sua mãe, Êdolín Aína, acordava de um sonho perturbador. As flores da cantarola agora emitiam uma nota triste e lamentosa, uma profunda melancolia tomou o local.

Athíra Aína parecia ter despertado de um transe. Ergueu os olhos para onde podia enxergar, não havia ninguém, apenas um silêncio súplico, temeroso. Sentiu a presença longínqua de três fadas, estavam sem sentidos; a quarta fada voava um tanto longe, partia em direção à Entrada Leste da Floresta. Athíra voltou a atenção para Nen-ía, abaixou-se e acariciou calmamente os cabelos alvos agora sem o fulgor prateado de outrora.

– Tola Nen-ía Aína! Eu tentei evitar ao máximo essa conseqüência, mas não me deste escolha, era eu e minha mãe ou tu. Sempre foste tão individualista... Pronta a avançar sobre qualquer um para conseguir a glória das Aínas. Pobre Alvo Encanto, tanto valor a esses delírios medíocres; não encontraste a vida por isso dei-te a morte. Durma eternamente como uma fada, mas siga como um fruto da existência aos caminhos do mistério, quem sabe lá tu encontrarás a verdadeira glória – Athíra aproximou o rosto, beijou demoradamente Nen-ía concedendo algumas lágrimas de condolência à sua memória, e partiu voando entre as árvores.

Longe dali a fadinha em fuga buscava suas últimas forças para permanecer voando, a tentativa de desvencilhar-se do forte vendaval tomou-lhe quase todas as energias. Ela já enxergava as luzes das habitações das fadas, mas continuava em desespero, imaginava suas colegas deixadas para trás nas mais aflitivas situações, convocaria a sua mãe e as Fadas Conselheiras para socorrê-las. Estava quase alcançando a margem da floresta quando Athíra Aína surgiu em seu caminho; ela estremeceu, investigou em volta e não sentiu as outras, pensou o pior.

– Não me mates, por favor, não me mates... Nada direi, prometo – pronunciou a Aína. Athíra tentou se aproximar, porém a outra fugiu veloz e mergulhou no mar de árvores abaixo. Estava muito aflita, voava e caminhava aleatoriamente, muitas vezes tombou chegando a machucar-se. A abertura da margem leste já podia ser vista, ela apressou o passo, porém logo sentiu uma força paralisando-a, Athíra mais uma vez surgia do nada.

– Podes até calar, mas tua mente denunciará; as Conselheiras são perspicazes, logo descobrirão se eu deixar-te partir dessa forma – a fadinha paralisada escorria em lágrimas de desespero. Athíra aproximou-se, aprofundou seu olhar e seus pensamentos na outra, e essa caiu ao chão; desmaiara. – Não mereces morrer, apenas esquecer-te de certas memórias como nossas outras colegas, breve tudo estará bem – abaixou-se, acariciou o rosto gélido da fada e depois seguiu rápida e silenciosamente em direção a sua casa; ninguém a viu.




Êdolín Aína tivera um sonho perturbador, recepcionou-o como um aviso, a partir disso uma certeza inconsciente passou a guiá-la: algum mal afligia Nen-ía. Após despertar seguiu à casa da colega na qual o grupo de estudos liderado por sua filha estava. Para sua esperada surpresa a reunião de estudos nunca acontecera, Alvo Encanto inventara a situação para enganá-la.

– Nen-ía não está? Como? Ela nunca mentiria a mim. Diga-me aonde ela se encontra, onde está minha filha? – Êdolín aos poucos admitia seu pressentimento, as lágrimas evidenciavam. A mãe partiu de imediato ao saber da ausência da filha, a fada que lhe atendera sequer conseguiu compartilhar a sua apreensão acerca do paradeiro de Alvo Encanto.

Com passos involuntários Êdolín Aína seguia em direção a Niânmé Noêó, já podia sentir a brisa fresca vinda do lago. A Árvore Morta teimava em surgir em todos os seus pensamentos, como acontecera no sonho perturbador. Próxima a beira viu a Entrada Leste, uma grande abertura circular entre as árvores da floresta onde densa sombra engolia qualquer paisagem à frente. A Aína estranhou a omissão das joaninhas-luz, elas nunca perdem a oportunidade de iluminar qualquer flora inundada pelo escuro; algo anormal ocorria.

Enquanto se aproximava da Floresta outro ruim pressentimento brotava, mas num susto Êdolín acordou do semitranse ao sentir a energia de uma Aína um pouco à frente da abertura. Antes das asas se abrirem por completo ela já cruzava o ar em direção à presença sentida, apressou-se ainda mais ao enxergar uma fada estirada no chão, e pousou com as mãos prontas a acudi-la e a levá-la para casa. Os cabelos castanhos da pequena Aína retiraram de imediato a esperança de ser essa Nen-ía. Êdolín massageou delicadamente o rosto dela e verificou muitos arranhões e um corte profundo no joelho esquerdo; logo despertou do desmaio. Após um razoável tempo a Aína compreendeu a presente situação permitindo-se ao interrogatório da mãe de sua colega.

– Por favor, diga-me onde está minha filha Nen-ía, preciso encontrá-la imediatamente.

– Nen-ía? Sim! Eu, Nen-ía Aína e algumas outras fadas adentramos na floresta ao término do poente, mas...não lembro...Nada além consigo lembrar... Estranho! Como cheguei a este local? Tu me trouxeste? – Falou com voz cansada a fadinha. Todas as suas memórias do encontro com Athíra desapareceram, lembrava-se apenas de estar na companhia de suas colegas enquanto caminhava pela floresta. – Antes do entardecer eu avistei Nen-ía junto a Dêoí e a outras duas fadas, elas partiam pela Entrada Leste. De início segui-as, e quando me descobriram deixaram-me acompanhá-las, mas após isso nada me vem às lembranças.

– Agradeço a ajuda, mas agora devo partir. Estás próxima da Entrada, siga este caminho e chegarás ao lago, antes espere eu te renovar as forças – Êdolín ergueu as mãos sobre o corpo da fadinha e pronunciou algumas palavras concentradamente: – Nilveíëná-enêí. Omeíl, sithulne-í-thíruň, ërlânnín sistíliúň. – A pequena Aína sentiu-se completamente recuperada. – Agora já podes caminhar e até voar. Vá direto para sua casa – Êdolín Aína aprendeu essa magia com uma Fada da Saúde, uma das poucas compostas por meio de palavras.

Êdolín partiu novamente voando acima das árvores. Em pouco tempo ela enxergou as Aínas vítimas do vendaval de Athíra, mas não desceu para socorrê-las, algo a atraía para a Árvore Morta, imaginava Nen-ía ferida e incapaz de se mover. Lembrou-se de procurar alguma nuvem próxima para colher céus-doces para saciar a possível fome da filha, mas nenhuma nuvem havia, o céu, deprimido, repousava sem lua; a passividade da natureza contribuía para o incômodo da fada. Um grande conjunto de galhos grossos e secos dispostos em desordem erguiam-se sobre a visão de Êdolín Aína, a grandiosa Árvore apresentava-se idêntica a do sonho. Ela parou, observou todo o terreno inesperadamente tomado por um caos de galhos retorcidos e terra revoada e por fim avistou Nen-ía, um ponto branco na escuridão dispersa da Floresta; pousou rápido para acudir a filha, imaginava-a a sofrer de um desmaio.

– Nen-ía, filhinha, acorda, meu amor. Tua mãe chegou para socorrer-te de qualquer mal, podes abandonar o medo e confiar-me tua segurança – Êdolín sentiu a frieza cadavérica do rosto de Alvo encanto, mas sua morte sequer surgia nos mais improváveis pensamentos. – Amor encontra tuas forças, acorda! ...Talvez estejas demasiadamente fraca para isso... Nilveíëná-enêí. Omeíl, sithulne-í-thíruň, ërlânnín sistíliúň. – Êdolín pronunciou novamente as palavras da magia revigorante na esperança de despertar Fada do Alvo Encanto, mas nada ocorreu. – Filhinha... por que insistes em continuar assim? A mamãe chegou, sinta-me e desperta! Qual magia poderia ter-te extraído tão profundamente as energias? – a mãe começava a sentir uma sensação terrível e ainda inconsciente, ela e nenhuma outra fada conhecia esse sentimento; a dor de perder uma filha jamais assolou o coração de uma Aína, sempre as mães morrem antes, assim a natureza declara. – Desperta, meu amor, eu permito faltares ao colégio amanhã, prometo levar-te à praia para nadarmos e após procurarmos céus-doces em todas as nuvens acima do Grande Mar. Vamos! filhinha, desperta!

As flores da Cantarola próxima novamente emitiam uma melodia triste; uma pequena borboleta branca posou sobre o ombro de Êdolín tentando reconfortá-la, mas ela nem percebeu. Muitas joaninhas-luz observavam ela tomar Nen-ía nos braços e sacudi-la perplexa, mas elas não brilhavam, o luto as impedia. Todas as vidas presentes lamentavam a morte daquela fadinha, exceto a mãe, como ela entenderia algo desconhecido? porém o sofrimento começava a ensinar-lhe aquela tristeza. Poucos passos a frente havia uma pequena abertura formada pelo encontro de duas raízes grossas de uma mesma árvore, dentro dessa um amedrontado roedor discernia todos os impensáveis acontecimentos anteriores. Ao ouvir a voz de Êdolín ele abriu sua atenção ao ambiente e avistou-a. A missão a que fora convocado iniciava-se.

Êdolín cansou. Sentou-se, levantou Nen-ía e a debruçou em suas pernas e tronco, como se estivesse segurando um bebê. Apesar da música da Cantarola envolver o ambiente, ela começou a vociferar algumas notas de uma antiga canção para adormecer fadas crianças. Para seus sentidos Nen-ía Aína dormia perdida em sonhos longínquos, e logo acordaria com sua jovial disposição, porém, em algumas zonas ignoradas dos pensamentos de Êdolín, Alvo Encanto dormia para sempre.

Tenho algo a lhe dizer – disse Odirín. Há poucos instantes ele saíra da toca para encarar a mãe de Nen-ía. – Sua filha, antes de morrer, enviou-me pelo olhar uma mensagem para a senhora. – Êdolín não ouvira mais nada após o roedor ter pronunciado a morte de Alvo Encanto, surgiu-lhe algo entre a raiva e o desespero. Voltou-se para Odirín e pronunciou: – Cala-te! roedor. Minha filha está dormindo.

– Sua filha não vive mais, Majestosa Fada, morreu. Antes de seu fim encarregou-me de dirigir à senhora algumas palavras de despedida; deixe-me dizê-las, eu imploro.

– Basta! Tuas mentiras me assombram, percebeste? Minha filha vive, e viverá para me ver morrer daqui a muitos anos – Na sua exaltação Êdolín largou acidentalmente Nen-ía e ela caiu de costas numa pedra camuflada por muitas folhas e terra; fraturou a asa e obteve um ferimento profundo acima do pescoço.

– FILHA! Perdoe-me querida, perdoe-me – gritava ao agarrar Nen-ía. – Eu te curarei, prometo. – Na queda os olhos de Alvo Encanto abriram semicerrados, mas não havia brilho, não havia vida, e Êdolín percebeu.

– Compreende? Minha Senhora. A respiração, os batimentos cardíacos, nada que indique vida existe no corpo de sua filha. Eu entendo o seu sofrimento, na verdade entendo-o como presente, a intensidade foge-me a percepção, mas a Senhora precisa ouvir minhas palavras, Nen-ía confiou em mim, precisa ouvir, Grande Êdolín Aína – essa, abraçada a filha, permitiu o discurso de Odirín.

– Antes de fechar os olhos, a bela Fada do Alvo Encanto disse-me assim: “Diga para minha mãe abandonar a tristeza, peça para ela cultivar em sua memória todos os maravilhosos momentos de amor que compartilhamos; eu a amo muito, e sempre a amarei, mesmo estando longe, mesmo nunca mais a vendo, sempre. Onde eu puder encontrar meus pensamentos, eles estarão nela, velarei eternamente à sua felicidade, pois eterno é a minha presença e o meu amor na alma de minha querida mãe. O choro certamente a inundará por muito tempo, mas a maioria de suas lágrimas deve agradecer as muitas felicidades vividas entre eu e ela, como estas presentes lágrimas em meus olhos, as quais expõem toda a gratidão e a alegria de ter sempre em minha vida uma mãe tão linda e bondosa”. – Odirín finalizou muito emocionado, nas últimas frases sua força em conter as lágrimas esvaiu-se.

– Minha filhinha, como consolar meu sofrimento? Minha tristeza destrói qualquer lampejo de felicidade. Tu foste embora para sempre, abandonaste-me. Aqui dentro um desespero remói o restante de minha alma. Não tenho vida sem ti. Supliquei tanto para ter uma filha, para ser mãe, e agora meu único tesouro desaparece. NÃO! NEN-ÍA! Volta para mim, volta, minha querida, volta... – Êdolín apertou Nen-ía com esforço; abraçava-a, chama-a à vida com a força de seus braços, mas tudo havia terminado, a morte sempre vence o mais justo dos sentimentos, nada neutraliza o desespero de vê-la arrancar a melhor dádiva da vida: a comunhão dos sentimentos entre dois seres que se amam. Nestes momentos a desesperadora fragilidade do existir vem à tona; mesmo que nos sintamos seguros, existem mais formas de surgir a morte e a tristeza do que maneiras de se criar a felicidade, e a ignorância deste fato é o principal meio de se estabelecer uma existência feliz. Êdolín Aína, apertando sua filha Nen-ía contra o peito, morreu debruçada ao mais querido fruto do seu amor. A tristeza fizera a primeira vítima no Mundo das Fadas.




Na manhã seguinte Athíra fora acordada por sua mãe.
– Acorda! Filha. Já estás atrasada para a escola. Safira te espera muito aflita na sala.
– Peça para ela entrar, mamãe – falou Athíra Aína.
Fada Safira entrou desesperada no quarto de sua colega, nem esperou Athíra levantar-se da cama.
– Athíra! Aconteceu algo terrível: Fada do Alvo Encanto e sua mãe estão mortas, MORTAS! Athíra. Como pode ter acontecido?
– A mãe de Nen-ía está morta, Naí-mo?
– Sim, está, e sua filha também. Ambas foram encontradas na floresta, minha própria mãe as achou, e outras fadas também estavam perdidas, mas felizmente estão vivas. Athíra!... É uma catástrofe!
– Desculpa-me, Naí-mo. Hoje faltarei à escola.
– Aonde vais? – disse Fada Safira agora mais assustada.
– Preciso conversar com um roedor, vejo-te depois.

domingo, 1 de abril de 2007

Em breve o Terceiro Conto


Olá! Queridos Leitores.
Estou em processo acelerado de produção para finalizar o terceiro conto de Aínas Aida, intitulado "O DESVIO DE ATHÍRA AÍNA". O conto será bem maior que os dois últimos. Trabalho bastante na construção dos diálogos e nas cenas de suspense...admito que estou gostando muito, acho que minhas qualidades de escritor se desvendarão nesse conto, mas isso é vcs que dirão!
Peço que aguardem mais um pouco, prometo publicar em breve.
Beijos e abraços!