segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Sonho

Acordei e era um sonho.
Uma felicidade que ofuscava olhos cerrados 
Um sonho tão imenso que findou sem fim.

Olho para o escuro e respiro
Há em mim todas as respostas 
E nenhuma pergunta se manifestou.

Como posso entender o horizonte
Se cores tão distintas o tingem 
E alcançam um mar revolto em oportunidades?

Um excesso ausente,
Pois de tantos quereres 
Perdi-me à luz do meu amanhecer.

Acordei e era um sonho 
Que da felicidade gestou a mágoa 
De ter errado o cruzamento.

Como posso entender o horizonte 
Se de todas as suas cores 
Nenhuma ilumina este céu.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Sonho

Eu sonhei uma vida 
A frente eu via um campo vazio.
Vida onde minha voz era mais alta 
Atingia o horizonte 
E todos ousavam-me ao dizer:
"Dedica-te."

Eu sonhei uma vida 
Num campo vazio plantei uma árvore.
Daquelas mais frutíferas 
E cada fruto alimentava alguém 
E cada alguém me dizia:
"Regozija-te."

Eu sonhei uma vida
Onde para outros gritei e plantei
Onde nunca para mim pensei:
O que quero eu?
E todos me olharam e disseram 
"O que queres tu?"

Continuo a sonhar 
Neste campo onde meus passos somem
E meus ouvidos se impelem
A buscar vozes que me digam
Como dizer a mim mesmo
O que quero eu.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Limite

Todos os potenciais a florescerem.
Ar que pressiona gritos.
Inspiro no silêncio expectante 
E num instante o melhor de mim 
Permanece em silêncio 
Atônito.

Eis um mundo omisso de ideais.
Todos mudos e enaltecidos;
Planos vazios e perplexos 
De ter. De ser. De desenvolver. 
Não há obras ao caminho da herança 
Esvaiam-se em cruzamentos desnorteados.

Criança 
sua existência é fraca
Energia que finda em idéias ocas 
Raízes longe do âmago 
De ser. De ter. De desenvolver, pois então Cresça e desapareça. 

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Olhos

São tantos os olhos,
São tantos os olhos que se cruzam cegamente.
Encaram o redor 
Ambientados
Silenciados na exigência interna de ser 
De ser um aqui neste exato momento 
Um que só enxerga-se e nada além.

São olhos. Eu observo no brilho fosco
Limitado. 
Olhos que enxergam tudo. 
Olhos que sensibilizam apenas um:
Egoísmo de ver e viver,
Silenciados na exigência interna de ser 
um ou mais um. Porém um. 

São tantas as pessoas,
São tantos olhares que se cruzam inertes 
Luz que não sente a luz 
De focos instantâneos 
De sentimentos intensos 
Silenciados na exigência interna 
De ter. 

sábado, 28 de novembro de 2015

Momento

Tudo se passa
Não acabei de terminar a respiração.
Jazem pessoas
Mortos se abraçam,
em mim as situações afloram
E amam.

Normal é estar à procura 
desacreditada, infértil.
Ares puros provêm do escuro
e luz guia apenas ao perigo.
Aqui permaneço
em mais um tempo que finda. 

Vazio de idealizações, eu espero.