domingo, 5 de agosto de 2007

desconheço







Eu quero a vida que desconheço, quero as surpresas de uma existência imprevista e paciente, esquecer o futuro e concentrar a minha perseverança no agora.

Eu quero a simplicidade.

Eu quero a simplicidade.






...

Círculos


Por mais que o lume da revolta, quase um desespero, arda profundamente detrás de tantas faces e olhares premeditados, eu continuo aqui a roer as unhas, a pensar com medo de pensar muito, a sentir o amargor de uma constante decepção semiconsciente e devastadora.

Vivencio a cólera passiva e serena de inexistir outro caminho. Não há outro caminho, concluo num lapso, porém logo finjo esquecer. Os dias trazem mais dias, as intermináveis voltas circulares e invisíveis completam-se e recomeçam decompondo o além de mim, o pouco que ainda se confirma aparentemente, e aparentemente meu rosto continua a alimentar a ilusão incompreensível.

O que me sobra de unhas, o que me sobra de pensamentos estarão sempre a postos para me fazer sentir um pouco de minha longínqua natureza, pois mesmo que contestar seja o único sinal de uma individualidade perdida, prefiro manter abstratas esperanças a consentir com a harmonia de um mundo além de próprias escolhas.

As necessidades artificiais extinguiram os sonhos e implantaram as ambições, deixei de sonhar para poder viver. A cada dia as tentativas de entendimento duram menos, certamente logo me abandonarão por completo, e assim estabelecer-se-á mais outro homem social na intrincada rede de dependências da evolução do meio; talvez eu seja feliz, mas nunca completo.

Mais uma vida, somente mais uma vida alcançará o fim e abandonará as suas forças na estrutura desse legado de humanidade, mesmo que eu não seja esse humano, mesmo que eu seja apenas eu.

O mistério após acalora novos furores contidos, mas agora nada mais cabe no espaço de minhas confusas emoções. Talvez no futuro um pouco de mim ainda sobre para este tipo de reflexão.



Nenhum ser vivo consciente possui a paz que merece. Eu não possuo a minha sempre desejada paz de viver, eu não possuo a serenidade de pensamentos.

Eu anseio por todas as respostas.

Onde está a plenitude?