segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Sonho

Acordei e era um sonho.
Uma felicidade que ofuscava olhos cerrados 
Um sonho tão imenso que findou sem fim.

Olho para o escuro e respiro
Há em mim todas as respostas 
E nenhuma pergunta se manifestou.

Como posso entender o horizonte
Se cores tão distintas o tingem 
E alcançam um mar revolto em oportunidades?

Um excesso ausente,
Pois de tantos quereres 
Perdi-me à luz do meu amanhecer.

Acordei e era um sonho 
Que da felicidade gestou a mágoa 
De ter errado o cruzamento.

Como posso entender o horizonte 
Se de todas as suas cores 
Nenhuma ilumina este céu.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Sonho

Eu sonhei uma vida 
A frente eu via um campo vazio.
Vida onde minha voz era mais alta 
Atingia o horizonte 
E todos ousavam-me ao dizer:
"Dedica-te."

Eu sonhei uma vida 
Num campo vazio plantei uma árvore.
Daquelas mais frutíferas 
E cada fruto alimentava alguém 
E cada alguém me dizia:
"Regozija-te."

Eu sonhei uma vida
Onde para outros gritei e plantei
Onde nunca para mim pensei:
O que quero eu?
E todos me olharam e disseram 
"O que queres tu?"

Continuo a sonhar 
Neste campo onde meus passos somem
E meus ouvidos se impelem
A buscar vozes que me digam
Como dizer a mim mesmo
O que quero eu.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Limite

Todos os potenciais a florescerem.
Ar que pressiona gritos.
Inspiro no silêncio expectante 
E num instante o melhor de mim 
Permanece em silêncio 
Atônito.

Eis um mundo omisso de ideais.
Todos mudos e enaltecidos;
Planos vazios e perplexos 
De ter. De ser. De desenvolver. 
Não há obras ao caminho da herança 
Esvaiam-se em cruzamentos desnorteados.

Criança 
sua existência é fraca
Energia que finda em idéias ocas 
Raízes longe do âmago 
De ser. De ter. De desenvolver, pois então Cresça e desapareça. 

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Olhos

São tantos os olhos,
São tantos os olhos que se cruzam cegamente.
Encaram o redor 
Ambientados
Silenciados na exigência interna de ser 
De ser um aqui neste exato momento 
Um que só enxerga-se e nada além.

São olhos. Eu observo no brilho fosco
Limitado. 
Olhos que enxergam tudo. 
Olhos que sensibilizam apenas um:
Egoísmo de ver e viver,
Silenciados na exigência interna de ser 
um ou mais um. Porém um. 

São tantas as pessoas,
São tantos olhares que se cruzam inertes 
Luz que não sente a luz 
De focos instantâneos 
De sentimentos intensos 
Silenciados na exigência interna 
De ter. 

sábado, 28 de novembro de 2015

Momento

Tudo se passa
Não acabei de terminar a respiração.
Jazem pessoas
Mortos se abraçam,
em mim as situações afloram
E amam.

Normal é estar à procura 
desacreditada, infértil.
Ares puros provêm do escuro
e luz guia apenas ao perigo.
Aqui permaneço
em mais um tempo que finda. 

Vazio de idealizações, eu espero. 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Entre tantos

Fico a imaginar perguntas
Confabular questionamentos
Tento correr o tempo sem conclusões

A definição espreita
Espirituosa. Não precisa sequer palavrear.
Ela me espreita em silêncio e aguarda.

Fico a imaginar perguntas...
Não quero entender a única resposta
Não quero entender agora.

Meus olhos soterrados esperam pelas minhas mãos.
Já não consigo inspirar tão fundo.
Enegreço o meu redor.

Não preciso saber como acaba
Não me importo
Nem quero entender...

Recolho as mãos
E concluo o tempo:
Aqui não foi minha vez.



segunda-feira, 9 de abril de 2012

culpa





Ninguém o culpa por buscar suas satisfações, por não deixar que seus empreendimentos ultrapassem o próprio horizonte. O coletivo é a comunhão de necessidades egoístas e pertencentes aos mesmos valores sociais. Ninguém o culpa.

Sei que compartilha mãos e grita a mesma luta, mas não receie seu olhar oculto, continue a segurar a mão, incentive-a e não deixe que caminhe muito a frente das suas ambições. 

A inércia pode trazer dúvidas, eu sei... Não há como bloquear a essência em todos os momentos, porém não se culpe; a mão que lhe impulsiona é a mesma que não lhe deixa escapar da observação.

Entone sua voz às outras, grite, estimule a esperança e compartilhe o silêncio dos ideais verdadeiros. Não há culpa onde todos são culpados.  



terça-feira, 6 de março de 2012

abandono




Leva-me ao aconchego de tuas esperanças. Revela-me tuas dores, teus sacrifícios, os sonhos empreendidos em mim. Avaliemos os caminhos, as lembranças que nos fizeram concordar, a hostilidade de idas e retornos receosos.

Diga-me quem és tu, por que me deste uma sabedoria infeliz, por que me escolheste para transmitir teus maquinismos. Revela-te, grande sonhadora, pois quero enxergar a face de quem me jogou aos ventos avessos, quem me imprimiu a proeza da luta infame.

Quero entregar a derrota em tuas próprias mãos. 

Não foi por mim que exerceste teus anseios, não será por mim que tu materializar-te-ás. Eu a abdico e a reverencio pela tentativa, e evito teus olhos. Parto com uma última promessa de jamais encarar-te de frente outra vez.

Esta é tua sina; tu, que criaste a própria perdição.  

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

liberto



Ofegante
Céu que ilumina a profundidade parética,
Um limiar além de sensos comuns.
Olhar sem brilho, senescente,
fictício entre agrados estabelecidos.

Não ouço.
Folhas que revoltam ao vento;
outonais, esquecidas e o frio indeciso.
O chão acolhe-me atônito,
Um vivenciar de inspirações plásticas.

Não espero.
Desabrochem, pois há outros
Vívidos e silenciosos
Alimenta-os enquanto houver esperança
Vento que traz despertar verdejante.

Outono seco em fantasia púbere
alimenta-os,
Regozija a minha fome,
Silencia
Pois eu me concluo, enfim, sem ti.




quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

nada além


As horas passam egoístas. Tomam para si, e apenas para si, uma  determinação de sabedoria hesitante.

O vento sopra em dias que dão à luz a si próprios, na imutabilidade de minhas dúvidas inerciais.

Corpo e mente atônitos ao entardecer.


terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

despertar





Sinto uma pequena brisa. 
Meus olhos fecham.

Ouço ao longe um vento já conhecido
a balançar pensamentos,
a reascender memórias 
desgastadas, em silêncio. 

Uma pequena brisa
que perturba o despertar
anseia
alimenta sorrateira
um exaurido sentimento. 

Outra vez desperta a sensatez fria
de cores fracas,
tímida.
Um olhar de realidade 
que destila 
a vida antagônica
e me faz degustar
a profundidade de ideais vazios.

Fecho os olhos
e deixo embrenhar entre minhas várzeas
Eu.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

luta





O homem evolui ao superar suas dificuldades, seus sofrimentos. A perfeição para os seres humanos leva à inércia existencial.


O homem foi expulso do paraíso? Talvez quis ele próprio sair. Talvez por isso a completa felicidade esteja sempre tão longe, nos mais constantes sonhos e sempre intrínseca a qualquer objetivo de vida, porém nunca real e sempre esperança.


Eu admito que não aguentaria a felicidade completa; ser completamente feliz me cansaria, não haveria  a que reclamar, não haveria a que empregar o meu instinto de jamais cruzar os braços à realidade. Cessaria a evolução e o prazer da vitória perante os meus conflitos. Não, eu não suportaria a inércia, eu a receio.


Devo lutar. Tudo que realizo para o mundo surge da busca individual pela perfeição. Eu espero sempre querer ser feliz, nada além de apenas querer, pois ao lutar contra o meio eu o evoluo; eis a complexa natureza de todos nós.


Enquanto viver, enquanto houver desapontamentos, seguirei.

domingo, 13 de novembro de 2011

solidez






O olhar de súplica
faz o enternecer uma rotina frígida.


A confiança sem amparo e a busca
por nossa essência acolhedora e figurativa,
que o tempo roubou de idealizações frustradas,
eu sinto.


O olhar de súplica reflete na solidez inconsciente
do cansaço e desilusão
da ofensa que os dias trazem à esperança,
daqueles que me moldam; incapazes, fantasiosos.


Perdoem-me, olhos.
Quisera eu ter todas as possibilidades.
Perdoem-me por não fazê-los sentir a essência,
Esperava encontrá-la ao longo desses anos de luta e ingenuidade.


Só possuo mãos vazias e vontade agonizante.
Possuo a voz, mas não ofereço os melhores conselhos.
E meu olhar não consegue esconder a vergonha.
A minha essência não os ampara.




Perdoem-me, olhos.
Gostaria de poder acalentar suas súplicas,
incentivar seus sonhos, interpretar seus medos.
Mas minha essência não os ampara


Quisera eu ter todas as possibilidades
e vocês, meu mais sincero prazer.
Perdoem-me.


sábado, 5 de novembro de 2011

não fosse





Não fosse um sonho inocente e perturbado,
A inocência de um desgosto sem culpados.
Um desgosto sem vítimas ou cúmplices.

Não fosse um lembrar a cada dia,
Não fosse um simples piscar de emoções latejantes.
Sangue que flui neste tumor enraizado
no sentido mais secreto de natureza humana.

Aqui tu estás
Aqui tu jazes
Aqui jamais tu deixarás de fluir.

Não fosse o vento que me traz teu cheiro
Não fosse o silêncio que incendeia a tua alma
que persiste em mim

Estaria em paz.

Todos os caminhos terminam em ti. 
Todos os sentidos revelam-te em mim,
Sou naturalmente teu, só teu, enquanto meu sangue fluir e alimentá-lo.
Enquanto eu não possuir paz.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

ouçam




                                        Méritos íntimos
                                        desfeitos.
                                        Semelhanças entre face e intelecto:
                                        Dramaturgia.
                                        Sorrisos extenuantes, vozes acalentam
                                        e destroem, no silêncio
                                        Uma voraz emoção
                                        Condicionada ao exílio
                                        da própria timidez.
                                        Uma pequena
                                        E grande sugestão
                                        de gloriosa plenitude.


                                       Ouçam os suspiros, senhores.
                                       Entre suspiros e reflexão
                                       está o brilhantismo
                                       de feridas abertas
                                       e corações em dores
                                       pulsantes.


                                     Calem-se e ouçam, senhores,
                                     a dor que inspira o vazio
                                     de suas próprias desilusões.




quarta-feira, 14 de setembro de 2011

ter esperança é não





A resposta para aquela única pergunta que impossibilitava minha tranqüilidade era não. E assim perdi mais horas ao tentar imaginar recursos para manter alguma dúvida perante a certeza ignorada de inexistir outras interpretações. 

Mantive o silêncio, a serenidade nos olhos; sequer permiti meu coração apressar o ritmo como forma de expor fisicamente a decepção, e então senti algo. 

Senti dentro de mim algo bom, como uma brisa fresca no rosto, como uma graça boba e inocente... Senti a aceitação. Ao redor olhei as pessoas e compreendi-as, neste momento único eu as considerei próximas a mim. Desobstrui a via entre a verdade e os meus desejos, e esses se uniram para formar um lapso de descoberta ou desilusão. 

Adianta esperar? Adianta confiar ao futuro todos os sins? Ter esperança é não encontrar a resposta premeditada. 

Ter esperança é não. 

E nos segundos finais eu já havia esquecido qual era a pergunta.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Talvez o problema...



Eu não compreendo a realidade, não compreendo.

Não entendo por que eu consegui a vida se um dia morrerei, é tão injusto e absolutamente intrínseco às decepções humanas. Mas também não consigo imaginar outra forma consciente de existir. Talvez O Problema seja existir.

O Nada. Tão mais fácil! O nada jamais enxergará a si próprio, não compreenderá a situação ao redor, e a existência e suas cobranças estarão longe, muito e sempre longe; a paz reinará. A gramática da linguagem das minhas experiências existências considera paz o antônimo de existência (melancólico, mas não intencional).

Pergunta retórica: existe algo mais revelador e traiçoeiro que a observação? A ciência confirma (a resposta é um não hesitante e influenciado).

Todas as minhas idealizações de felicidade desapontam-me logo após discerni-las por completo – nada é real superficialmente – Imagino uma perfeita satisfação (quase posso sentir o gosto). Após entristeço-me, duplamente, pela mentira e pela desejada verdade longínqua que preciso agora.

Ah! (pequeno furor) eu entendo! Eu entendo aquela felicidade ser minha e de ninguém mais, como também minhas faces tristes, românticas, et cætera. Aliás, esclarecimento indispensável, quase et cætera, pois a constante angústia diante de tudo sobre meus olhos – não que tudo seja angustiante para mim, pelo menos não quando a objetividade de meus pensamentos e ações guiam os meus dias – a minha angústia diante de tudo sobre meus olhos, que surge nos meus momentos despertos e individuais, é a única “coisa” que me faz sentir mais um Homo sapiens sapiens – inteligente (no mais primitivo sentido dessa palavra), socialmente coletivo (por uma casual obrigação) e individualmente eternamente só.

Talvez o nada fosse melhor, talvez abdicasse de todo o prazer de existir para não mais sentir a dor de ser, a dor de tentar ser. Talvez assim neutralizaria... E então, o nada: um sonho perplexo...

Amanhã acordarei pronto para outro dia, enfrentá-lo-ei de punhos cerrados e olhos sensíveis, e então passará, e então indicarei o próximo dia no calendário grudado a minha porta. Para o meu sempre seguirei constante o seguro caminho de ser, sem pensar muito, sem pensar profundamente nas tantas incógnitas obsessivas compulsivas, e sem escrever muitos textos como este em finais de domingos angustiantes.

A segurança aprisiona e agonia. A incerteza instrui e amedronta (eu).
Um dia eu desejei ser uma mitocôndria. Ela é tão distinta e elegante, e sempre generosa. A mitocôndria seria feliz? Para ela definitivamente. Mas pensando bem, até quando me imagino em outro plano de situação busco as posições de destaque. Certamente prefiro Homo Sapiens, a, por exemplo, um cílio de uma tuba uterina, mesmo sofrendo os percalços da consciência. Ah! (desapontamento) preciso aprender/observar mais. Talvez por isso eu ainda não passo o resto de meus dias na simplicidade da natureza de uma praia deserta.

Nossa! E eu às vezes prefiro o nada! Sim, eu prefiro quando penso um pouco mais.

Talvez O Problema seja o sistema nervoso.

Talvez.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Uma crise de ausência



Uma crise de ausência
Libertadora.
Um inspirar de exclusão
a observar.

A quietude contínua e devastadora.
Olhos que transcendem, malignos...
Bocas em exagero, abrem e fecham, frenéticas, mudas.
A quietude e a superficialidade,
dos mais baixos e dos mais altos.
Ninguém aqui inocentou-se da transcendência egoísta.
Hipocrisia muda, isocórica.

Reacordo.
Culpo-me.

“O Ideal não é para os ingênuos”.

Contento-me comigo mesmo.

domingo, 4 de setembro de 2011

Sou Cego Diante de Vós








Meus olhos fecham enquanto eu encaro o escuro repleto de verdades ofuscantes. 

Elas se escondem, observam-me sorrateiras, inquietas, quase em angústia muda. 
Indagam-se murmurantes o tanto de "eu" que podem construir por meio de erros. 
Por meio de meus medos. Por meio de minhas certezas inaparentes. 

Minhas pálpebras se encontram com força, mas há uma luz que as enrubesce. 
Uma luz que internaliza aquilo pelo qual eu estou cego a olhos abertos. E uma verdade tão incontestável me deixa em uma plenitude comatosa, enquanto os ruídos começam a se tornar abafados. 

Surge um entendimento maior que o próprio sentido que me fez caminhar até hoje. Ele completa tudo o que eu possuo de consciência e vai embora rápido junto ao meu sono perturbado. 

Antes de abrir meus olhos inicio a mais fatigante de minhas forças: 
Minhas pálpebras se separam para mais um dia de cegueira. 
Até novamente estar em silêncio e no escuro. 
Só, em meio a murmúrios e perplexidades.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

dor











Nada é mais amargo
que forçar a sua ausência.
Fadigar o total da minha força
para manter a explosão de você dentro de mim
em silêncio.

Saber que nossos olhos dizem tanto,
mas não se cruzam,
reprimidos

Saber que para tudo o que importava
éramos um só.
E hoje fingir um ao outro sermos ninguém,
Diariamente

Nada dói mais, Meu Maior Sentimento,
que ter um pedaço de mim morrendo
enquanto eu vivo sem você.



segunda-feira, 8 de agosto de 2011








Idas e voltas,
Recomeços e a esperança.
Um ponto fixo entre as melhores lembranças, algumas inspirações e um medo desajeitado. O Triste e o Silêncio. 

Esperar que uma vida desabroche certezas, forçar a motivação, eganá-la. 
Sentir o ar pesado que dificulta a serenidade. 
Cansar e viver, cansar e viver...

Tudo acontece nesta sombra. Não posso iluminar mais que isso. 
Tenho medo de encarar a forma; angústia muda. 
Que alguns sorrisos e faces ainda posterguem. 

Aspirar como poderia ter sido só nesta oportunidade.
Tudo se desfalece num consenso hipócrita. 
E a carcaça sorri ao que não lhe pertence.

Como poderia ter sido.
Só nesta oportunidade. 

Inspiro.
    

segunda-feira, 28 de março de 2011

ainda há os que choram



                                           Não há beleza que renove meu entusiasmo.
                                           Não há sentimento que cure a agonia,
                                           Pois no mundo que compreendo
                                           Enquanto há vida há sofrimento
                                           E ao fim não importa toda a felicidade
                                           Quando um ainda chora.












...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

eu permaneço






Talvez houvessem indícios
Pálidos, solícitos...

Talvez a vista foi um pouco além.

Permiti sonhos demais entre verdades ameaçadas,
E procuro não enxergar enquanto tenho forças para obscurecê-lo.

Permanecem memórias surgidas em concepções agonizantes,
Enquanto eu permaneço.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

serei apenas eu e minhas respostas





Não importam as tentativas, não importam as previsões ou as esperanças de tentar-se encontrar. Nada importa quando se sabe o fim. Sim, o mundo é grande, as interações são muitas e muitos caminhos se trilham e se encontram; muitos dos meus caminhos e muitos dos seus quem sabe ainda estarão juntos, quem sabe se cruzarão alegres em uma aventura ou experiência que valerá intensamente, ou partirão entre sombras e desespero, morte e agonia. Quem sabe quanto ainda teremos por experimentar desse mundo, e retirar dele o que nos molda, o que nos constrói ou o que nos obscurece?

Porém nada importa, nada importa quando se sabe o fim. E esse fim está sempre a espreita, quieto, a observar silenciosamente como se, com os olhos semicerrados, tentasse forçar a desistir. Mas eu ainda resisto, até quando eu não sei.

Também não posso afirmar por que resisto. Não é por mim próprio, nem por alguém próprio, nem por algo que é ou que será. Esperar o dia antes do fim, ou mesmo no fim, no qual eu descobrirei a razão de eu ter esperado todos esses dias talvez seja o impelimento máximo de minha alma. Mas são tantos "talvezes" que fica difícil pensar com discernimento. A questão é: eu já sei o fim, e isso destrói a minha força de construir algo para evoluir como pessoa, pois eu também sei que ao fim eu não estarei tão melhor quanto hoje. Melhor é uma situação que considero muito complexa para eu explicar facilmente. 

Tudo o que eu faço agora é paliativo.

Eu estaria melhor se eu conseguisse focar uma necessidade e buscá-la. Eu estaria melhor se eu conseguisse equilibrar um sentimento e experimentá-lo com o seu máximo teor. Melhor eu seria seu eu fosse mais humilde à felicidade, à satisfação, à compreensão dos simples indícios que moldam uma vida plena e saudável. Pois eu não estou melhor; dentro de mim não consigo encontrar nem um pequeno foco de unicidade. 

Uma revolta incontrolável, tempestuosa e arredia entre sentimentos, pensamentos e obstinações é o que alicerça o meu pior.

Por fim eu durmo pensando na matéria da prova, na festa de depois de amanhã, no telefonema que fiz hoje, no sentimento que eu queria demonstrar com mais necessidade. Penso nos meus amigos, no meu trabalho no futuro e em tudo o que eu ainda tenho por fazer. Mas jamais esqueço que apesar de todas as experiências, no dia esperado eu estarei lá, e saberei o porquê, e não estarei melhor ou mais evoluído. 

Serei apenas eu e minhas respostas.

amo com sinceridade






Por mais que eu tente definir e construir um valor a tudo, moldar um significado e concluir com poucas palavras os porquês das situações, ao fim "algo complexo" nunca deixa transparecer um entendimento. Ao fim jamais alcancei a claridade de ideais e a plenitude de sentidos, a tão sonhada natureza entre a obscuridade.

Não consigo acompanhar, é muito para essa pequena mente despreparada, tantas vezes preguiçosa e sempre em revolta... Isso me cega. Pois eu não sabia, mais uma vez eu não sabia que minhas próprias indefinições podiam transformar todos os potenciais. 

Havia potenciais, apesar de tantos questionamentos, apesar de vários despreparos e não colaboração entre esses dois teores que lutam para se equilibrar. 

Houve o carinho, a troca de palavras transformadas em voltade e afirmação; sentimentos cresceram e souberam como amadurecer e alegrar-se em meio a tanta turbulência e medo. Mas hoje, por mais uma vez devido a eu não saber, não tenho nada. 

Pensei muito, imaginei-nos esclarecidos e realizados, mas minha incessante capacidade de jamais me estabilizar e o meio que me sufoca ao tentar encontrar-me em outro destruíram talvez a minha oportunidade mais sincera.

Pois eu amo com sinceridade, e tento seguir como se a vida fosse etapas entre desejos e sonhos não realizados. Mas os potenciais não me deixam descansar, e quando penso como tudo poderia ser na ausência de parte de mim e de parte do meu meio, eu me entristeço, e peço ao silêncio um dia sem pensamentos.

perspectivas inspiratórias






A cada inspiração uma promessa e um novo começo... até certo ponto um outro limite eu tento vislumbrar. Quando expiro uma decepção apaga esse momentâneo furor, tão momentâneo que apenas um indício de prazer de se ter perspectivas eu provo, e sinto saudade.

Sinto-me seguro em afirmar que o ser humano caminha em suas perspectivas; mesmo que muitas não se completem, ter algo por que buscar e empregar as determinações é um meio muito eficiente de confirmar-se nesse mundo. Lutar por lutar basta para se sentir capaz de viver, pois a vida é uma luta aquém de vencedores ou perdedores.

A vida quer o suor enquanto nos digladiamos iludidos, enquanto pensamos em uma vitória inexistente. A rebeldia, a força, a determinação e o desafio é o alimento da vida, vencer é o contentamento do homem. E quando se perde nascem novas ascensões para se ganhar, e assim continuam as personalidades.

Porém quando expiro eu compreendo; uma das poucas vezes... Penso que não adianta criar as maiores perspectivas quando o prazer de vencer é inexistente, quando já se sabe o fim. Não que eu queira vencer, já disse que isso não existe; porém todos cegamente buscam a vitória como expressão máxima da própria capacidade, do sucesso, e eu não conheço esse sucesso, pois tudo é muito vago. 

As minhas perspectivas inspiratórias ajudam-me a entender um pouco esses muitos outros, tantos iludidos, mas quem sou eu para julgar? Às vezes me culpo por tentar conhecê-los ao me basear no que em mim é diferente. Sempre há a possibilidade de eu estar profundamente enganado em relação a tudo além de eu próprio. 


Tenho medo.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

por mãos e mente humanas






A turbulência de sentimentos aos poucos se esvai. Uma monotonia apenas domina aquela sensação de ser. Um sentimento, uma concepção, pequenas idéias passageiras interpretam as reflexões diárias, agora poucas, menos sensíveis, menos arredias e dominantes. 


Não posso dizer que não gosto ou que não quero, também não posso dizer que isso seja o ideal de uma incessante busca de ideais. Afinal, apesar de muito ter mudado, está incrustado na alma a insatisfação. Mas agora menos conturbada, mais contente e boba, uma insatisfação de todos os dias, a de todo mundo. Não tenho mais a insatisfação minuciosa, detalhada, da qual eu compreendia mais que os meus próprios sentidos. Não, neste momento não a tenho mais.
Pois meu cansaço esvaiu-se; surgiu algo no lugar que ainda não sei o nome. Uma serenidade sem raciocínio, algo contemplador apenas, as simples excentricidades não mais aceleram meus batimentos.
Que triste. Antes talvez eu me sentisse mais inspirado, por outro lado, enquanto inspirado também estava pronto a me rebelar e agredir o mundo com o qual eu brigava tantas vezes. Admito que a turbulência e imprecisões de pensamentos às vezes são mais divertidas que a monotonia diária de idéias.
Como dois comprimidos diários mudam uma pessoa. O Orap roubou minha inspiração, mas presenteou-me com uma serenidade que jamais experimentei. Será que esse é meu tão procurado ideal? Não imagina como é incômodo aceitar a minha estabilidade de algo criado por mãos e mente humanas (que não as minhas). Por mãos e mente humanas.
Sempre pontuei meu ideal no segredo oculto de uma natureza existente, porém muito mesquinha, mas ainda natureza. E eis que surge um comprimido que me fez deixar de tentar entender.
Como é bom deixar de tentar entender quando se sabe que por mais que se tente... insatisfação.
Como é bom deixar de se tentar entender.